Olhando o mundo de hoje, as pessoas nas ruas, nos ônibus, sentadas nas praças, notamos um tanto estupefatos uma coisa. Apesar da proximidade física entre elas, é cada vez menos frequente ver quem esteja conversando, trocando ideias, contando novidades, ou simplesmente falando banalidades, contando uma piada talvez. Os que ainda fazem essas coisas, são geralmente pessoas mais idosas, que ainda trazem da juventude os hábitos longamente desenvolvidos e praticados.

Os jovens e outros nem tão jovens assim, em sua maioria, passam mais tempo com os fones de ouvido, impedindo que ouçam qualquer coisa além da música, enquanto seus dedos estão digitando mensagens, enviadas a alguém bem distante, ou até bem próximo. Passamos a falar, não mais com a boca, mas com os dedos, servindo-nos de um dispositivo tecnológico.  É impressionante como muitas vezes estão frente à frente, lado a lado, trocando mensagens. Raramente se ouve uma palavra. Não seria mais fácil e até barato, falar diretamente? Será que iremos “desaprender” de falar? Estamos fadados a nos comunicar por escrito em telas de cristal líquido? Se a bateria acabar, acabou a conversa.

Essa dependência com o celular é uma doença também chamada de nomofobia, que significa no mobile – ou medo de estar sem “mobilidade”. Muita gente não consegue se desprender da tecnologia deixa os aparelhos ligados 24 horas por dia, inclusive enquanto dorme.

Só no Brasil existem hoje mais de 250 milhões de aparelhos de telefonia móvel vendidos. Esse número é impressionante, principalmente porque é maior que a população. Isso mostra como as pessoas estão cada vez mais dependentes e passaram a usar mais de um telefone.

Sensações de ansiedade, desamparo, angústia, impotência e até sintomas físicos de pânico, como taquicardia e sudorese são manifestações  típicas de uma síndrome deflagrada por um hábito extremamente recente: o uso do celular e outros equipamentos tecnológicos que permitem a comunicação. Os sintomas aparecem quando a pessoa não está com os aparelhos ou, por algum outro motivo, está impossibilitada de se comunicar por meio deles.

Entre os sintomas físicos que sinalizam que uma pessoa passou dos limites estão a dificuldade de dormir pela ansiedade de usar os aparelhos e o “toque fantasma” — quando a pessoa acredita ouvir o telefone tocar, mesmo que esteja sem ele.

Quando você repete determinado comportamento, como, por exemplo, o jogo compulsivo, depois de poucos minutos ocorre a liberação de dopamina (conhecida como “hormônio do prazer”), que faz com que a motivação seja aumentada, renovada, criando assim um círculo vicioso. No caso do smartphone, este comportamento leva a pessoa à necessidade de ficar cada vez mais conectada, em contato com o aparelho.