Se você nunca entendeu por que algumas pessoas riem à toa depois de uns goles de cerveja, enquanto outras permanecem compostas, psicólogos da Universidade do Missouri-Columbia, nos Estados Unidos, podem ter a explicação. Um novo estudo, publicado no jornal científico “Addiction Research & Theory”, traçou quatro perfis de bebedores de acordo com as mudanças produzidas pelo álcool na personalidade. Entre os 364 participantes, os tipos encontrados foram Hemingway (em alusão ao escritor americano Ernest Hemingway), Professor Aloprado, Mary Poppins e Mister Hyde (vilão dos quadrinhos da Marvel).
Para chegar à conclusão, os cientistas pediram que os voluntários respondessem a um teste de personalidade, que permitiu a análise do comportamento deles quando sóbrios e alcoolizados. Segundo o psiquiatra Alessandro Alves, presidente do Centro de Estudos da Clínica Jorge Jaber, o álcool age no lóbulo frontal do cérebro, inibindo a autocensura — que impede os indivíduos de tomar atitude socialmente condenáveis, de acordo com seus valores e crenças.
“Quando a autocensura é rebaixada, a pessoa passa a ter comportamentos que já estão dentro dela, mas que não apareciam por causa do freio social. Se ela se torna agressiva ou erotizada, por exemplo, é porque a personalidade dela é assim, mas só com o álcool ela se sente livre para demonstrar isso”, explica o médico.
Por atuar diretamente no lóbulo frontal, o álcool é mais perigoso para adolescentes, que ainda estão com essa área do cérebro em formação.
Personalidade depende de vários fatores
Para os pesquisadores, o estudo pode ajudar no desenvolvimento de programas contra o alcoolismo. “Alguns indivíduos mudam mais dramaticamente do que outros quando intoxicados, e a natureza e a magnitude dessas mudanças podem resultar em prejuízos”, escreveram os cientistas.
De acordo com Alessandro Alves, a personalidade é determinada por fatores biológicos, psicológicos e sociais — ou seja, depende da genética, da forma como ela interpreta o mundo e do ambiente onde vive. O grau de intoxicação pelo álcool varia conforme o metabolismo de cada pessoa, além das condições do organismo no momento da “bebedeira”.
Fonte: Jornal Extra